terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

TODOS OS CÃES MERECEM O CÉU


Você já viu o filme infantil “Todos os cães merecem o céu”? Pois hoje foi inevitável, me peguei pensando nesse título. Perdemos nossa cachorrinha nessa madrugada. A Jade tinha 13 anos, morreu de velhinha. Meu pai – que nunca foi “cachorreiro”, mas passou a trazê-la pra dormir ao lado dele após ver “Marley e eu” – não pode deixar de lamentar: “Foi a melhor cachorra que tivemos...”

A perda nos faz refletir sobre um mundo de coisas, e lá voltei eu pro título do filme. Todos os cães merecem o céu? Não, nem todos. O quê??? Você deve estar pensando que eu sou uma desalmada, mas, veja bem, eu disse “nem todos”.

Sim, porque passei a acreditar que os bichos – ou melhor, os cachorros, especificamente (ou, especialmente eles) – têm índole. E, todo mundo sabe, índole pode ser boa ou pode ser má. É fato que, diferentemente dos seres humanos, os cães têm uma tendência muito maior em serem bons. Talvez seja mesmo a falta de sentimentos mais complexos e, por que não dizer?, mais maldosos. Eles têm aquele amor doce e incondicional por aquele que cuida dele. Eu nunca tive, vendo dessa perspectiva, um cão que fosse meu de verdade. Sempre foi a minha mãe que os cuidou, e eles todos, sem dúvida, a amavam incondicionalmente. Mas isso não é o mais espantoso, porque você pode até pensar que trata-se, no fundo, de gratidão. Que nada! O mais incrível é que esses cachorros todos que já passaram lá por casa também ME amavam incondicionalmente, logo eu, que nunca dei tanta bola assim...

A Jade nos esperou vir pra Torres pra morrer. A gente não tem dúvida disso. Ela chegou aqui há 5 dias, e a mãe me contou que ela andava eufórica, latia e corria e caçava gambás (ok, essa parte é meio bizarra, afinal, ela era um yorkshire) como há tempos não fazia. Foi aqui que ela teve seus bebês, era aqui o lugar onde ela mais feliz fora. Aí, anteontem, a minha irmã que está no exterior pediu, do nada, pra vê-la na tela do computador. No dia seguinte, arrastou-se pela casa, negando-se a sentar em qualquer canto (quase como se não quisesses se entregar) e nos esperou chegar. Um fiozinho de bicho, de tão fina. Aos poucos, ela foi se despedindo de todos.

Morreu na madrugada, velhinha, mas certamente de forma muito mais feliz que muita gente. Não acho injusto, tenho apenas pena de quem não possa ter tido a mesma vida feliz e o mesmo fim tranqüilo dela. São lições de vida que ficam e que também nos fazem sofrer. Mas se “o que não nos mata nos faz mais forte”, apendemos também com essas perdas, e não podemos deixar de querer amar não só uns aos outros, mas também a esses pequenos seres que tornam nossos dias ainda mais alegres.

SE algum dia tive dúvida, hoje não tenho mais: sou uma pessoa melhor porque sempre convivi com eles (e não só com a Cuca, a Funny, o Mickey, a Jade ou a Brigitte – o nossos cachorros, mas também com porquinhos da índia, coelhinhos, tartarugas, pintos, enfim...) e, portanto, pretendo fazer com que meu filhos (que ainda não tenho) também possam viver e aprender com esse ciclo da vida. Afinal, quase todos os cães merecem o céu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEI COMENTÁRIO. ADORO PARTICIPAÇÕES!