terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A PERDA


E então me deparei com a Morte. Mais uma vez. Não que ela tenha vindo em minha busca – aliás, (felizmente) ela não me dá muita bola. Mas ela passou por aqui e levou um ser querido.

Perdi poucas pessoas amadas, sou uma felizarda. E talvez por isso mesmo a Morte ainda me assuste tanto. Talvez, coitada, não seja culpa dela, mas de sua irmã gêmea, inseparável, a Perda. A Perda é muito mais cruel, porque a Morte vai, e a Perda fica. Ela fica machucando você com todas as lembranças e expectativas que, bem, que você perdeu.

Pensam que a Morte é violenta, mas acho que a Perda é muito pior. E embora a Morte seja inevitável – ou talvez por isso mesmo com ela a gente se conforme – a Perda, às vezes, aparece até mesmo sozinha, do nada, nos leva algo precioso e nos deixa ali, perdidos.

“Perdido”...Qual é a origem dessa palavra? Se alguém souber, me avise, mas acredito que seja filha da Perda.

Meu medo da Perda é tão grande que, volta e meia, me pego com os olhos cheios de lágrimas, pensando em tudo aquilo que eu não quero perder nessa vida. É duro, acho que devo pensar menos nela, tentar explicar que eu ainda não a quero (ou melhor, que não a quero mais, ao menos por enquanto, por aqui). Ela vai ficar magoada, isso é certo, e vai me rogar pragas dizendo que ainda me pega. Maldita. E lá vou eu, agarrar-me à minha santinha, depositando ali toda a minha fé (e cada um tem a sua, isso é o que importa).

Uma vez, disseram-me que uma separação é uma morte em vida. Não tenho dúvida disso, pois sou apegada ao que faz parte da minha. E não consigo, por mais medo que sinto da Perda, pensar que são felizes aqueles que a nada se apegam – até hoje, acho que esse é o grande equívoco do budismo. Se você não se apega, o que faz aqui então?

É certo que não devemos maximizar o apego a coisas inúteis, mas falo daquilo que nos dá de volta, que ocupa seu lugar em nossa vida. Nossos familiares, nossos amigos, alguém que passou pela sua vida e deixou, em algum momento, uma marca na sua história.

Prefiro seguir o que diz o Rei, e sofrer e sorrir, mas saber que algo foi vivido porque foi, enfim, sentido de verdade. O problema é que a Perda atinge mais profundamente aquele que mais sente. Parece que ela até prefere os mais sensíveis, essa sacana.

Mas não desanime, não embruteça só por causa dela, não vale a pena. Pensa que, na verdade, a Perda é aquela prima chata que “atazana” o tempo todo, à espreita, quem ela mais admira...Adivinha? O Amor. Só tem medo dela quem ama. Portanto, talvez seja o caso de fazer as pazes com a Perda e aceitar que, se ela ronda por aí é porque, no fundo (e nem precisa ser tão no fundo assim), o Amor está muito, muito mais próximo de você. Afinal, quem ama, em algum momento, se pega pensando que o amor é tão grande que dói! Dói por medo de perdê-lo...

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