terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA SOUTH STAR - ed. fevereiro/2009

MÃOS DE TESOURA

Por essa ninguém esperava, mas o ano acabou com uma notícia que, a meu ver, foi das mais positivas – mesmo com aquele clima de “nuvem negra” pós-crise: Pela primeira vez, desde 1971, o nosso estado do Rio Grande do Sul ajustou as contas e saiu do vermelho.
Gentéééém! Ninguém sabe como é difícil organizar as contas, cortar gastos, diminuir futilidades e fixar no objetivo único de sair do cheque especial? Ou eu sou a única brasileira viva que já passou por isso?
Vejam, opiniões políticas à parte é inquestionável o esforço pelo qual esse pessoal (no caso, “esse pessoal” é a equipe do governo mesmo) passou. Adotaram medidas antipáticas, mas alcançaram o resultado. Mais ou menos como comprar presentes mais simples no Natal porque, afinal, o seu orçamento ficou reduzido pela metade. Ou - dor das mais severas - negar o último lançamento para cuidados do cabelo porque, bem, o preço estouraria com os cálculos e recálculos que você fez pra sair do vermelho. É... quem falou que seria fácil?
Não sou economista, nem gestora de serviços públicos, mas imagino os secretários juntinhos, reunidos em frente a uma planilha de Excel, listando receita e gastos e fazendo contas (ok, convenhamos, cálculos bem mais complexos do que os meus. Mas, afinal, eles têm uma equipe pra isso, e eu sou apenas alguém que sempre detestou matemática, ou seja, minha missão pessoal também é árdua!)...
É verdade que há muita coisa por realizar, e eu espero, sinceramente, que seja esse também o sentimento do nosso governo. A sensação de insegurança nas ruas é péssima, há crianças em excesso nas sinaleiras – são tantas por aí que, convenhamos, já estamos quase acostumados (e isso é o mais triste). Ainda guardo mágoa de mim mesma por nunca ter saído pra rua e fazer “panelaços” e gritar por nossos direitos de cidadãos. Ou ninguém ficou perplexo com a reação dos gregos à morte de um rapaz por policiais, gerando dias e dias de protestos? Até que os gregos ficaram doidos de vez, porque continuaram protestando por tantos dias que, aposto, já nem lembravam mais pelo que lutavam.
O que importa, contudo,é que parece estar renascendo uma pontinha de esperança. Casa limpa, vida nova.
Aliás, 2009 já está aí e torço pra que seja um ano regido por muito poder feminino. Sexismo à parte, era hora de chegar mesmo uma mulher pra organizar a casa. Afinal, convenhamos, quem é que sempre deixa a toalha atirada pelo chão?

...

By the way, esse ano promete a redescoberta do jeito frugal de ser. Os antenados já devem ter sentindo, há algum tempo, uma tendência pela (re)valorização de um estilo de vida que prioriza tempo, paz, prazeres simples e verdadeiros. Matérias, entrevistas, opiniões vêm mostrando um desejo generalizado por facilidades como morar perto do local de trabalho, reunir-se com os amigos para degustar um vinho, poder passar alguns dias lendo na rede...

Pois então. Tanto falamos, em 2008, da crise, e não é que até isso tem um lado bom? O colapso na maior economia do mundo, ícone do capitalismo desenfreado, parece estar servindo como divisor de águas, acelerando (ou impondo?) uma reavaliação das prioridades. Será que foi-se o tempo do consumo enlouquecido, do desespero pelas marcas de luxo, da cobiça pelos bens materiais? Ui, ui, ui! Mas torço para que certas coisas sejam eternas, e que a Louis Vuiton vai continuar vendendo muito. Mas e as fakes? Hein? Ou será o contrário, e China Town, agora sim, é que vai bombar?

Seja você adepto do modelo europeu (gastando com arte, cultura e qualidade de vida) ou americano (vou poupar a explicação), junte-se a esta corrente de fé que torce pra que o dólar volte a despencar e nos permita comprar passagens a R$1,50!!! “Vem, vamos embora que esperar não é saber”, mande suas forças energéticas e amplie esta corrente do bem (do bem do turista, se é que ficou claro)

...

Aliás, você continua cumprindo as suas resoluções de ano-novo?...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEI COMENTÁRIO. ADORO PARTICIPAÇÕES!