sábado, 27 de junho de 2009

Homens


Eu amo meu noivo, meu pai, meus amigos homens. Adoro as conversas despretensiosas, o jeito como eles se esculacham e continuam se gostando (na verdade, me parece que quanto mais se xingam, mais se adoram). Invejo, sinceramente, a devoção deles aos amigos, a capacidade de se entregar a um programa que é só deles. Acho fantástica a a total, completa e absoluta concentração em um único foco, quando se trata de futebol, jogos em geral, panes elétricas ou mecânicas e coisas afins. SEm falar na força física. Realmente, viver sem eles não dá. Já cansei de precisar de ajuda pra carregar 38 pastas até o arquivo.
Mas, apesar de tudo isso, eu ainda acredito que, no estágio evolutivo do ser humano, eles ainda pertencem a um nível em fase anterior à, bem...à das mulheres.
Sim, venho desenvolvendo essa teoria e cada vez encontro mais adeptas(evidentemente, as seguidoras da minha tese são mulheres, salvo o meu pai, que foi obrigado a concordar com ela aqui em casa).
Falta-lhes capacidade para "sentir" o ambiente, para evitar um mal estar coletivo, a sutileza de evitar confrontos e reestruturar o clima.
Ainda, a mesma capacidade de absorção so impede de fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Lembra da última vez em que algum deles conseguiu tratar de 11 assuntos ao mesmo tempo? Aliás, eles também adoram ignorar uma conversa que não lhes interessa - enão é por mal, é por simples falta de capacidade de atentar a algo além do poker na tv.
Já viu homem cuidado de criança? É de arrepiar até o dedinho do pé os riscos a que as expomos em tais circunstâncias! (excluo, é claro, os pais separados, que pela necessidade da vida, tiveram que desenvolver habilidades maternas. São, pois, mais evoluídos!)
Eles ainda têm certa dificuldade em vibrar com as pequenas bobagens da vida, e se são pegos num dia de mau humor (o que, em geral, equivale a um dia com notícias financeiras desfavoráveis)infernizam logo a criatura que os recebe de braços abertos. E, pior, não abrem a boca pra desabafar!(apesar de saberem que a gente gosta tanto de falar sobre sentimentos, mesmo os problemáticos).
Aliás, quantas vezes nós temos um dia dos infernos, mas chegamos em casa, tomamos um banho, botamos um sorriso no rosto e um decote no colo e lá vamos nós, lindas e amáveis - porque, afinal, ele não tem nada a ver com a desgraça do teu dia? E aí, quando foi mesmo que algum homem conseguiu desvincular as agruras do cotidiano da vida particular? Aham...
"Prevenir" é outra palavra que poucas vezes é usada no vocabulário deles. Fazer exames preventivos, checkups, acompanhamento médico regular...Pra quê? Só fazem quando levam um susto. Alimentação saudável? Medidas para evitar o stress? Qualidade de vida? Só depois do primeiro milhão! Depois não sabem porque as mulheres vivem mais. "Prevenir" erros na relação, crises familiares? Difícil, eles só reagem após a perda. Antever conseqüencias? Só se for no campo de guerra do XBox.
No fundo, contudo, talvez eles consigam passar por esse mundo com menos carga emocional - ela nos faz mais felizes, mas também nos pesa muito. Então, em que pese todas essas pequenas imperfeições, talvez seja caso de relevar tudo isso e dividir a "bagagem" com nossos fortões, afinal.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Debut, c'est si bon

Publicada na revista do clube Associação Leopoldina Juvenil, junho de 2009.
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Lembro até hoje quando meu pai ligou para avisar que havia conseguido me inscrever no début do clube. Sempre é concorrido, e, como você só pode debutar aos 15 (aos 14 tudo bem, mas não existe debutar aos 19!), não dá pra perder essa oportunidade. Só por isso já seria uma experiência única.
Début significa, em francês, “estréia”. Ou seja, debutar é um ritual de apresentação ao “mundo” já como mulher, apta para participar da vida social. A sua origem remonta ao tempo em que a nobreza européia comemorava os 15 anos de suas filhas com uma grande festa de apresentação à sociedade. E um dos objetivos era também possibilitar o approach de um bom pretendente.
Hoje a idéia já não tem nada a ver com arranjar casamento para a filha. As meninas são bem mais espertas e têm muito mais que os dotes necessários para ser uma “moça casadoira”. Ao contrário, não querem nem pensar em casamento tão cedo: A noite é longa - vai até o café da manhã, ou você vai perder a chance de tomar Nescau de vestido de festa? - ainda há todo o baile (e muitos carnavais) pela frente. Os pais, por outro lado, querem mais é manter os tais pretendentes bem longe de suas princesas pelo maior tempo possível. De preferência, até a comemoração de seus 40 anos (da filha, não do pai. Pode perguntar em casa, mas há o risco dele pedir para você virar freira).
O baile é a “cereja do bolo”, mas debutar envolve muito mais do que noite em si. São meses de eventos dos mais diversos e que começam a mostrar à debutante um mundo todo novo que está à sua espera. São aulas de etiqueta, maquiagem e moda, de valsa (essa não pode faltar, sob pena de se pisar em todos os pés pelo caminho), palestras, viagens em grupo. É como um rápido intensivo para a adulta que você logo virá a ser.
Não bastasse isso, dizer ainda que é uma oportunidade para ampliar o círculo de relacionamentos é pouco. Daqui saem amizades verdadeiras e pra vida inteira, assim como a lembrança desse momento.
E anos depois – no meu caso, lá se vão mais 15 desde os meus 15 – é tão bacana ver que, mesmo com o passar do tempo, a gente não muda tanto assim. Bem, talvez a gente tenha mudado, digamos, um pouquinho só, mas acredito piamente (e, por favor, ninguém me conteste) de que foi para melhor . Afinal, o début é isso mesmo, só uma estréia, uma “provinha” do que virá pela vida.
Pensando bem, foi tudo tão bom que vou comemorar meus 30 como “duplo 15”, quem sabe até sugerir ao clube que crie o baile do bi-début? Quem debutou, vai me entender e – aposto - vai querer participar também.

(obs: um beijo para minhas amigas debutantes)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

RAINHA DO LAR


Você já parou para pensar na origem dessa expressão? Eu não, mas a resposta veio num "insight", no dia em que minha mãe voltou de uma viagem, depois de 1 mês no exterior.
Sim, acreditem: minha mãe passou um-mês-in-tei-ri-nho-fo-ra!!! E deixou o pai sob nossa (minha e da minha irmã Luiza)guarda.
No início, as coisas parecem fáceis, praticamente uma aventura temporária, durante a qual todos vão aprender algo enquanto o tempo passa, tranqüilamente. Ledo engano.
A mãe - em regra (ou, ao menos, como regra na MINHA casa) - é o sustentáculo básico da sobrevivência humana. Não querendo diminuir a importância do meu pai, que é o máximo. De forma alguma. A diferença é a seguinte: assim como nas empresas, na escola, na vida em geral, existe o homem-líder e a mulher-líder. Ambos têm suas qualidades natas e imprescindíveis para que as pessoas desenvolvam suas habilidades o máximo possível. Qualquer estímulo positivo é sempre benéfico, e tendo essas duas fontes básicas, o ser humano pode se desenvolver à sua potência máxima.
Mas...
Não há ordem, nem rotina, nem realidade concreta sem a mãe em casa. É a ela que recorremos na hora de chorar, de descansar, de dividir e até de brigar (brigar com o pai? eu, hein?). É ela quem mantém o "clima" da organização: não adianta deixar o cartão do Zaffari, o telefone do dentista, e a lista de afazeres, a coisa simplesmente não anda em linha reta!
Vá lá, a vida continua e as pessoas se viram, tropeçando pelo caminho, trôpegos em zigue-zague. Mas até o homem forte da casa sai do rumo e perde o prumo.
É a falta não do pulso, nem daquilo que o bombeia, mas daquilo que segura tudo junto e o mantém em harmonia e em total funcionamento. E, em geral, sequer notamos, de tão bem que funciona. Ah, o lado ruim da eficiência!...
Não por acaso, se diz popularmente que "Deus escreve certo por linhas tortas". É verdade, não tenho dúvida. Muito pai (e o meu, inclusive, com todo o mérito)vai se virando e criando e mantendo a família de uma forma admirável.
Mas, convenhamos...Se fosse uma "Deusa" a escrever tais linhas, aposto que elas seriam bem retinhas!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

10 COISAS QUE NOS TIRAM DO SÉRIO


1 - Sair da manicure e estragar a unha em algum momento entre botar o casaco com os dentes, tirar a chave do carro de dentro da bolsa com o nariz e ligar a ignição com o cotovelo.
2 - Ser avisada, às 19h55', que aquela jantinha informal de aniversário é, bem, no restaurante mais chique da cidade. E que estão passando pra te pegar em 5 minutos.
3 - Carro estragado (não deveria ser coisa só de homem?)
4 - Estar atrasada e ter que correr de salto.
5 - Ficar bonita pra um evento, mas descobrir que saiu em todas as fotos com os dentes roxos de tanto vinho.
6 - Gente que te prende na conversa te puxando pelo braço.
7 - Rasgar a meia-calça antes de entrar em audiência. Ou descobrir que a calça está rasgada (acontece...)
8 - Vendedora esnobe
9 - Pane no computador (parece que nosso cérebro está diretamente ligado ao sistema - não tem mais jeito, pane no computador ocasiona pane cerebral)
10 - Chegar em casa estressada do trabalho às 19h30, tomar banho, lavar o cabelo, secar, maquiar (base, pó, delineador, rímel y otras cositas más), escolher a roupa, trocar a roupa, voltar pra roupa inicial, trocar de bolsa, estar pronta 28 minutos depois e...ficar esperando a carona que se atrasou. Aaaaaargh!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

DAS COISAS BELAS


Um dia desses, tive o privilégio de sair para jantar com meus avós. Eles ficaram faceiros da vida (parêntesis: se você ainda tem avôs, aproveite cada-minuto-de-cada dia...Perdi um dos meus 4 avôs ainda vivos apenas ano passado, sou uma felizarda de ter podido aproveitaá-los por tantos anos). Enfim, passeando no shopping, meu vô insiste em querer comprar jóias pra minha vó. Eu grito no fundo: "Dá pra miiiiiiiiiiiiiiiiim!!!!!". Ao que minha vó "larga", sem arrogância nem pretensão de fazer tipo: "tantas coisas belas no mundo das quais não preciso...".
Quase caí dura com tamanha realidade despencando em cima de mim. É verdade que preciso de torradeira, fogão e geladeira, afinal, estou montando uma casa (a lava-louça é discutível, mas, a meu ver, faz parte do time dos "essenciais"). Mas também é muito, muito verdadeiro que eu não preciso mais de roupas - tenho o suficiente pra me agasalhar nesse inverno. Também não preciso de mais jóias (pra quê? Pra me arrancarem a orelha na sinaleira?) Sapato? Pasme! Acabo sempre usando a bota preta o inverno in-tei-ri-nho!
É certo que o consumo aquece a economiae faz o mundo girar. No entanto, não seria tão melhor investir menos nessas coisas que mudam a cada estação? Confessa: Você não se sentiria mais...livre?
Se eu tivesse dinheiro sobrando hoje, admito, montaria a minha casa. Mas aí também faz parte do ser humano querer o melhor para si. Depois disso, gastaria satisfazendo minha sede de conhecimento, minha vontade de desbravar o mundo. E aí, se excesso houvesse, acho que me dedicaria mesmo à filantropia. E hoje penso isso do fundo do meu coração.
Minha vó tem razão: há coisas lindas, mas desnecessárias. Tudo é fugaz demais para nos atermos a essas pequenas coisinhas da vida, que podem nos ser levadas a qualquer momento sem que isso sequer nos atinja na alma. Isto é, não fazem parte do que somos, porque o que é NOSSO, ninguém leva assim.
Acho que falta à nossa geração um pouco de ideologia social e política, um pouco da ilusão de que é possível mudar o mundo. Nem que seja só um pouquinho. Nem que seja só deixando de ter coisas belas para fazer coisas lindas.