domingo, 31 de maio de 2009

QUEBRANDO PRATOS


Eu adoro os comerciais do Mercado Livre (além das músicas fofíssimas), mas essa última está demais. Eu a-do-ro a sensação que (imagino) o protagonista deve sentir ao longo das cenas. Você já deve ter visto: ele está num casamento grego, eles começam a quebrar os pratos - como é de sua tradição - e o cara ali, meio travadão, não entendendo nada. Aí, de repente, ele se anima (a coragem às vezes surge num rompante)e sai quebrando prato. E tudo mais que vê pela frente: copo, garrafa, puxa toalha, até a tv vai pro "saco". É quase um surto, mas de felicidade, de libertação pela possibilidade de romper os limites que acreditamos existir em certas convenções. Deve ser algo tipo um "teto preto", só que "branco", porque ele está muito feliz.
Todo mundo deve ter esses momentos de "extravasa". E, claro, não precisa ser nada que acabe com os bens alheios. Pessoalmente, tomar banho de chuva me faz sentir absolutamente livre (salvo nos dias em que faço chapinha). Isso e cantar a plenos pulmões (embora meu show se restrinja ao ambiente caseiro, pelo bem da humanidade).
Aliás, deve ser meio parecido com a sensação de atirar torta na cara dos outros. Ou dar banho de champagne. Só, por favor, se controlem e não inventem de experimentar isso tudo no meu casamento. Deixemos essas emoções para as propagandas de tv, ok?

terça-feira, 26 de maio de 2009

POESIA POSSÍVEL



Há muito tempo, eu tinha um caderno de frases e poesias. Não minhas, é claro, porque não tenho talento pra isso. Eram pensamentos e inspirações que eu 'catava" por aí, registrava no meu caderninho e relia, volta e meia, quando sentia necessidade de alimentar a alma.
Uma vez, li uma frase do Carlos DRummond de Andrade numa mesa de um bar em Fortaleza:
"Carlos, relaxe. O amor é isso mesmo que você está vendo: Hoje beija, amanhã não beija e segunda-feira ninguém sabe o que será".
Eu tinha 20 anos. Profundamente inspirador.
Sempre gostei dessas frases mais engraçadinhas, meio que brincando com as palavras, fazendo delas pequenas ironias doces que tornam muito mais bem humorada a perspectiva da realidade.
Um dos meus preferidos é do Manuel Bandeira, "porquinho da ïndia". E não venha me dizer que acha bobo. Leia com atenção e me diga se não é uma das interpretações mais sensíveis (e cruelmente verdadeiras) de uma relação não muito bem correspondida...
"Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .
— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada"

Ás vezes eu me sinto o dono do porquinho da índia...
Se você anda com alguma dúvida seríssima apertando o peito, pode encontrar consolo em Lupícinio Rodrigues:
"...E por isso vivemos brigando
Toda a vida, eu e o meu coração
Ele dizendo que sim
Eu dizendo que não
". Essa é do Bar do Nito.
E quando o mundo é lhe é injusto?
"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"

Com Mário Quintana, nossa alma sempre pode se tornar mais leve. Não é que fuciona?
É bom se arriscar e ler poesia de vez em quando, sem se preocupar em ser saber do que se está falando. Eu não entendo lhufas de nada disso. Afinal, como diria Quintana, "A poesia não se entrega a quem a define". Ou, na verdade (e melhor ainda), "Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a
ele!"
Talvez porque a poesia não esteja propriamente nas palavras, mas na intenção de quem a lê.
Obs: Pro dia que você estiver realmente precisando pirar, não esqueça de João Gilberto:
" - Olha o vento descabelando as árvores!...
- Mas as árvores não têm cabelo, João
- São as pessoas que não têm poesia" (diálogo entre uma "funcionária" e o João Gilberto, acredite se quiser, conforme narra o livro "Chega de Saudade").

domingo, 24 de maio de 2009

DE QUE VALE?


Não vivi guerra nenhuma, graças a Deus. Mas já vi montes de filmes de guerra, e acredito que eles não sejam excessivamente dramáticos. Pelo contrário, devem até romancear o que seria, originalmente, horrível.
O que mais me impressiona em todos eles – e aí vou desde Tróia até o Iraque – é o valor da vida humana. O quanto ela vale numa guerra? Nada. É só mais um número na contagem final.
Não é impressionante a facilidade com que uma vida se acaba, num tiro de fuzil? Quantos sonhos, quantas expectativas se esvaem no nada? No mais absoluto vazio?
O ser humano sempre se assustou em virar apenas uma referência numérica, mas também (ou talvez por isso mesmo) sempre se deslumbrou com a possibilidade de mudar o mundo. Ainda assim, não compreendo o que leva as pessoas a se confrontarem tão abertamente por algo que sequer lhes é tão importante. Porque, na boa, importantes pra mim são a minha vida e a dos que eu amo. Mais nada. E se eles (e eu, no caso) estão seguros, me desculpe, mas de casa eu não saio. Posso até pegar em armas, sim, caso invadam meu bairro. Aliás, aí eu acredito que a raiva suba a patamares incompreensíveis.
Mas há uma grande diferença entre defender aquilo em que se acredita e defender algo...hum...abstrato?
Venhamos para um contexto mais próximo. Hoje, o que você defende? Quem você defende? Por quem você luta? Em que você acredita?
Partido político? Nhéééém...
Sua empresa? Depende do mercado, melhor não se apegar.
Alguma ONG? Confira antes as suas credenciais.
Princípios? Sim, mas eles sequer são atacados, as pessoas simplesmente os desvirtuam sem qualquer verginha na cara.
Guerras podem até ser válidas, desde que embasadas em crenças verdadeiramente defendidas. Mesmo assim, seriam elas necessárias?
Quero dizer com isso apenas que acredito que guerras não levem a nada. Aliás, nunca fui favorável a conflitos.
Ainda assim, nunca se sabe que tipo de ameaça pode aparecer na sua vida. Mas, sinceramente, elas não deveriam mover milhões de pessoas. “Guerra” pessoal? Até acredito, desde que seja contra um louco só.
Não seria muito melhor gastar tanta energia pra unir fronteiras, ao invés de demarcá-las?
Sem dúvida. Mas pra essa pergunta não tenho resposta (e se alguém souber, por favor, me avise): por que, até hoje, jamais ouvi falar nisso?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

DONA FLORINDA


Sempre foi assim: é eu chegar do cabelereiro, que meu pai dá um grito e pergunta "cruuuuuuuzes! O que é isso???"
Já tentei cabelo estilo pantera (ao estilo do seriado, não da Volunta, que fique bem claro), rabo de Jeannie é um Gênio, coque banana, lambido futurístico. Já experimentei crespo selvagem (que é só uma forma charmosa de dizer "você ser Jane, mim ser Tarzan"). Também cheguei com frisado sereia (acuse a sua idade se admitir que viu Splash! Eu vi 36 vezes). Rolo na franja, então, é a pedida certa para ser chamada de ET de Varginha.
O que ele mais gosta, contudo, é o estilo Dona Florinda: bobs por todos os lados, o que cai absolutamente bem com um avental todo sujo de ovo. Não adianta nem tentar evitar, fazer cara de choro, dizer que a auto-estima anda baixa, ameaçar fazendo bico. Nada, nada me salva.
Ok, com cabelo de Dona Florinda também já seria pedir demais.
O que me consola é que, bem, ele não diz isso quando me vê acordando, com cara de sono, branquela, com olheiras e cabelo de bruxa. E mau humor, é claro.
Ah, acho que meu me ama de verdade!
(Obs: escrever esse post sobre a minha mãe não teria graça. Não sei porquê, mas ela me acha linda sempre...)

domingo, 10 de maio de 2009

DODOIZINHOS


Dia desses, deparei com um texto da Danuza Leão sobre homens doentes. Quase me enfiei pra dentro da revista, tenho certeza que ela grampeou meu telefone! Era quase como se eu estivesse pensando alto: homem doente = anúncio do apocalipse. Jesus!Atire o primeiro Naldecon quem não concordar!
Sim, poucas coisas assustam mais. Primeiro, porque os homens são durões. De repente, uma dor de barriga descontrolada ou um nariz entupido simplesmente os derrubam na cama, e você se preocupa se não seria o primeiro caso de gripe suína em POrto Alegre, tamanha a intensidade do sofrimento. É uma gemeção pra lá, suspiros pra cá, a coisa deve ser séria mesmo...O mundo pára, pode desistir de assistir a novela. É um tal de chazinho pra lá, cobertorzinho pra cá, e todo o tipo de mimo possível para curar mais rapidamente a enfermidade (a essas alturas, você já está realmente desesperada para curá-lo...). Esqueça tentar ler ao seu lado, porque tem que apagar a luz. Não dá pra ver a novela, vai ter que ser o programa preferido dele, que é pra dar um ânimo, vai que assim ele recupera a cor? Comidinha? Claro, tem que ser especial pro doentinho.
Minha mãe diz que nem filho dá tanto trabalho. Afinal, toda a estrutura da casa se mobiliza para atender o enfermo.
Maaaaas...Às vezes a coisa é séria mesmo, e você sabe disso só pelo fato de ele ficar ali, inerte (não que isso seja a coisa mais incomum do mundo, mas não estou falando da inércia "assistindo jogo de futebol", que se se caracteriza por um "desligamento temporário das funções secundárias de audição masculina, por ex., ouvir o relato sobre o dia da namorada").
Então, quando ele estiver atirado num canto, imóvel e pálido, sem sequer emitir um som de reclamação porque você está vendo a Maya e o Raj dançarem, e aparentando que está, simplesmente, agradecido por você estar ali...sim, a coisa é grave, gravíssima!
Atenção, já pro pronto-socorro!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

CANINOS




Às vezes é melhor parar de refletir sobre a vida, então hoje eu decidi não escrever, simplesmente porque...meu coração se encantou com as fotos desses cachorros de peruca.
Pelamordedeus, é um fox albino? um golden no parlamento inglês? um chiuaua metido a marilyn monroe? um
Nãããoooo! É UM PUG PSICODÉLICO!!!!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O eterno exercício do (re)descobrimento


Eu adoro a inocência dos iniciantes. Iniciante de qualquer coisa, há sempre uma mistura de fascinação com o desconhecido e medo de fazer tudo errado. A-do-ro, com todo o meu coração.
Já falei que acho que o que nos envelhece é perder o jeito pra descobrir novos "mundos" (ou achar novas formas de redescobrir o velho?). É isso que nos mata aos pouquinhos, perder o brilho de viver.
Já parou pra pensar que a gente diz mesmo que "fulano perdeu o brilho de viver..."? POis é, porque a gente deixa de se ENCANTAR, de brilhar com certas coisas que caem pelo nosso caminho. Banalizamos a experiência cotidiana de surpreender-se.
Quando o coração endurece, um bom exercício, por exemplo, é participar de entrevista para contratação de estagiário. Às vezes, prefiro nem falar, é bom ficar só ouvindo o encantamento do candidato - em geral, inexperiente, e isso não é nenhum demérito pra quem está, justamente, começando essa caminhada profissional. Contidos ou não, os olhos brilham com a possível perspectiva da contratação. Tudo é novidade. Ingressar no mercado de trabalho é, para o estagiário, o mesmo que nascer pro mundo. Ainda sem vícios, ainda sem rancores ou frustrações, qualquer projeto é um desafio, qualquer roubada é um tropeço conquistado.
Espero que o tempo me dê mais experiência, mas me roube a pretensão de ser cética demais. E, quem sabe, me permita abrir os olhos pra concluir, diariamente, que cada dia é uma nova e insólita jornada. Não quero estar dormindo na janelinha, nem desatenta à cor da paisagem.