sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Eterno aprendiz



Em que momento da vida nos convenceram de que ficamos velhos demais pra tomar banho de chuva? Quando foi que afirmaram ser prejudicial à saúde aprender uma língua nova depois dos 50? Há algum estudo científico que comprove que arriscar os primeiros passos de balé agora que você virou balzaca compromete a sua saúde? Claro que não!
Ainda assim, na medida em que crescemos, ficamos chatos. Não me leve a mal, não é nada pessoal – afinal, eu nem te conheço, com todo o respeito. Aliás, salvo para a fase em que realmente espichamos, “crescer” sequer seria o verbo adequado. Primeiro, porque depois de uns anos, parece que encolhemos (acho que ainda não cheguei nessa fase, contudo). Segundo, porque a gente não cresce: a gente ENVELHECE.
É fato que o envelhecimento é um processo biológico natural. Mas são nossas células que se debilitam, não nossa alma. Pelo contrário. Quanto mais se vive, maior ela – a alma – se torna.
Daí que descobri a fórmula da juventude. Contudo, ela é tão óbvia que sequer me permito as glórias dessa conclusão. Até porque conheço pessoas fantásticas que, bem antes de mim, me mostraram o quão jovens, lindas, interessantes e, sobretudo, felizes podem ser aos 30, 60 ou até mesmo aos 90. Não há limite.
Estou longe da terceira idade pra conhecer as dificuldades trazidas pelo tempo. Mas sei que o que não nos mata nos faz mais forte, e é assim que tais pessoas se fortalecem a cada novo desafio, a cada experiência inédita que se permitema viver.
Tenho um primo médico com mais de 40 anos que brinca de helicóptero no Parcão; uma tia-avô que come ostras e champagne aos 95. Meu pai ainda pensa que é adolescente e cria formas mirabolantes de conquistar as namorada (sim, que vem a ser a Sra. minha mãe) há mais de 30 anos. Viajar pelo mundo sozinho e concluir que você pode se expressar em chinês (fazendo uso de mímica, é verdade), descobrir um novo talento dentro de você (ou até mesmo aceitar o músico péssimo que você é e ficar feliz por ter escolhido a advocacia). Experimentar, errar, tentar de novo, desafiar, vencer.
É cientificamente comprovado que o cérebro se habitua com nossos atos diários, banalizando-os de tal forma que sequer os registra. Tudo fica simplesmente repetitivo, como ir ao trabalho pela mesma rota, diariamente (ou você se lembra que faz isso todo-santo-dia?). Transporte isso para todas as áreas da sua vida e, voilá, como você ficou sem graça!
Nada contra aos que se apegam demasiadamente ao cotidiano. Mas jovens são aqueles que se engajam em novos projetos diários, ampliando seu conhecimento, descobrindo mundos, desbravando horizontes.
Não por acaso, Fernando Pessoa dizia que navegar é preciso. Com todo o respeito ao poeta, eu ainda complementaria (embora sem a mesma elegância): “senão você afunda”.

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