domingo, 15 de fevereiro de 2009

VACAS FELIZES


Uma notícia me fez sorrir: as vacas que recebem carinho são mais felizes e, portanto, produzem mais leite. De fato, constatou-se que tais animais produzem leite mais nutritivo, com maior teor antioxidantes, vitaminas e ácidos gordos.
Essa notícia poderia interessar somente aos produtores de leite e derivados ou aos defensores dos bons tratos aos animais. Mas a necessidade de carinho da Mimosa (o estudo publicado, aliás, destaca que tratar a vaca pelo nome é muito benéfico) traz em si um dado verdadeiro e muito mais profundo: Se até as vacas reagem de forma positiva – e ativamente – a uma demonstração de afeto, que se dirá dos seres humanos?
A comparação lhe parece esdrúxula? Que nada! Talvez choque porque ela é tão óbvia que dói na alma de quem tem um mínimo de amor ao próximo.
O raciocínio é simples e até mesmo as melhores empresas já sabem: a pessoa feliz produz mais e melhor. Não por acaso, muito dinheiro é investido na qualidade de vida dos funcionários. O objetivo, no final das contas, é o mesmo do produtor de leite: o lucro. Sem conotação pejorativa, que fique bem claro. Ao contrário, há que se lembrar que é ele que faz o mundo girar, proporcionando a continuidade do ciclo de consumo e crescimento econômico que mantêm a existência de empregos (está aí a crise pra mostrar que a falta dele é ruim pra todo mundo. Até pras vacas, pode ter certeza.)
Não obstante isso, impressiona que algo tão evidente escape aos olhos do Poder Público, no que tange à qualificação, por assim dizer, de sua população, força de trabalho que constitui a pedra fundamental de seu funcionamento. Sequer tenho a pretensão de entrar no mérito do seu objetivo mais nobre e fundamental, que é regular e prover o seu povo. Limito-me apenas à falta de visão – senão do ponto de vista simplesmente humano e solidário, da perspectiva social e econômica - de que crianças instruídas, educadas, respeitadas tornar-se-ão adultos preparados para o mercado, técnica e emocionalmente, trazendo consequências positivas para qualquer área da sociedade ou, por que não assim dizer?, do grande “negócio” Público. Acompanhamos, contudo, nos últimos dias, reportagens sobre o comportamento dos alunos nas salas de aulas, da falta de respeito aos professores (e até mesmo ao próximo), expondo um panorama atual, mas triste, das mazelas de nossas crianças.
É evidente que a solução não é tão simples ou ingênua. Pior, inclui o difícil acesso aos lares e à educação dada a essas crianças antes e durante o período escolar. A questão, contudo, é inevitável: se há conseqüências quantitativamente apuráveis entre os resultados das vacas felizes e das vacas tristes, que resultados esperamos de crianças não têm o mínimo para uma vida digna, quanto menos atenção ou amor (veja, até as vacas gostam de ser chamadas pelo nome)? O leite da vaca nada mais é do que uma prova concreta de sua própria felicidade, ainda que irracional. Não por acaso, dize-se que os tempos de penúria são “de vacas magras”...

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