quarta-feira, 3 de junho de 2009

DAS COISAS BELAS


Um dia desses, tive o privilégio de sair para jantar com meus avós. Eles ficaram faceiros da vida (parêntesis: se você ainda tem avôs, aproveite cada-minuto-de-cada dia...Perdi um dos meus 4 avôs ainda vivos apenas ano passado, sou uma felizarda de ter podido aproveitaá-los por tantos anos). Enfim, passeando no shopping, meu vô insiste em querer comprar jóias pra minha vó. Eu grito no fundo: "Dá pra miiiiiiiiiiiiiiiiim!!!!!". Ao que minha vó "larga", sem arrogância nem pretensão de fazer tipo: "tantas coisas belas no mundo das quais não preciso...".
Quase caí dura com tamanha realidade despencando em cima de mim. É verdade que preciso de torradeira, fogão e geladeira, afinal, estou montando uma casa (a lava-louça é discutível, mas, a meu ver, faz parte do time dos "essenciais"). Mas também é muito, muito verdadeiro que eu não preciso mais de roupas - tenho o suficiente pra me agasalhar nesse inverno. Também não preciso de mais jóias (pra quê? Pra me arrancarem a orelha na sinaleira?) Sapato? Pasme! Acabo sempre usando a bota preta o inverno in-tei-ri-nho!
É certo que o consumo aquece a economiae faz o mundo girar. No entanto, não seria tão melhor investir menos nessas coisas que mudam a cada estação? Confessa: Você não se sentiria mais...livre?
Se eu tivesse dinheiro sobrando hoje, admito, montaria a minha casa. Mas aí também faz parte do ser humano querer o melhor para si. Depois disso, gastaria satisfazendo minha sede de conhecimento, minha vontade de desbravar o mundo. E aí, se excesso houvesse, acho que me dedicaria mesmo à filantropia. E hoje penso isso do fundo do meu coração.
Minha vó tem razão: há coisas lindas, mas desnecessárias. Tudo é fugaz demais para nos atermos a essas pequenas coisinhas da vida, que podem nos ser levadas a qualquer momento sem que isso sequer nos atinja na alma. Isto é, não fazem parte do que somos, porque o que é NOSSO, ninguém leva assim.
Acho que falta à nossa geração um pouco de ideologia social e política, um pouco da ilusão de que é possível mudar o mundo. Nem que seja só um pouquinho. Nem que seja só deixando de ter coisas belas para fazer coisas lindas.

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