terça-feira, 23 de junho de 2009

Debut, c'est si bon

Publicada na revista do clube Associação Leopoldina Juvenil, junho de 2009.
---------------------------------------------------
Lembro até hoje quando meu pai ligou para avisar que havia conseguido me inscrever no début do clube. Sempre é concorrido, e, como você só pode debutar aos 15 (aos 14 tudo bem, mas não existe debutar aos 19!), não dá pra perder essa oportunidade. Só por isso já seria uma experiência única.
Début significa, em francês, “estréia”. Ou seja, debutar é um ritual de apresentação ao “mundo” já como mulher, apta para participar da vida social. A sua origem remonta ao tempo em que a nobreza européia comemorava os 15 anos de suas filhas com uma grande festa de apresentação à sociedade. E um dos objetivos era também possibilitar o approach de um bom pretendente.
Hoje a idéia já não tem nada a ver com arranjar casamento para a filha. As meninas são bem mais espertas e têm muito mais que os dotes necessários para ser uma “moça casadoira”. Ao contrário, não querem nem pensar em casamento tão cedo: A noite é longa - vai até o café da manhã, ou você vai perder a chance de tomar Nescau de vestido de festa? - ainda há todo o baile (e muitos carnavais) pela frente. Os pais, por outro lado, querem mais é manter os tais pretendentes bem longe de suas princesas pelo maior tempo possível. De preferência, até a comemoração de seus 40 anos (da filha, não do pai. Pode perguntar em casa, mas há o risco dele pedir para você virar freira).
O baile é a “cereja do bolo”, mas debutar envolve muito mais do que noite em si. São meses de eventos dos mais diversos e que começam a mostrar à debutante um mundo todo novo que está à sua espera. São aulas de etiqueta, maquiagem e moda, de valsa (essa não pode faltar, sob pena de se pisar em todos os pés pelo caminho), palestras, viagens em grupo. É como um rápido intensivo para a adulta que você logo virá a ser.
Não bastasse isso, dizer ainda que é uma oportunidade para ampliar o círculo de relacionamentos é pouco. Daqui saem amizades verdadeiras e pra vida inteira, assim como a lembrança desse momento.
E anos depois – no meu caso, lá se vão mais 15 desde os meus 15 – é tão bacana ver que, mesmo com o passar do tempo, a gente não muda tanto assim. Bem, talvez a gente tenha mudado, digamos, um pouquinho só, mas acredito piamente (e, por favor, ninguém me conteste) de que foi para melhor . Afinal, o début é isso mesmo, só uma estréia, uma “provinha” do que virá pela vida.
Pensando bem, foi tudo tão bom que vou comemorar meus 30 como “duplo 15”, quem sabe até sugerir ao clube que crie o baile do bi-début? Quem debutou, vai me entender e – aposto - vai querer participar também.

(obs: um beijo para minhas amigas debutantes)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI SEI COMENTÁRIO. ADORO PARTICIPAÇÕES!